Blog
A única maneira de ser memorável é encontrar uma voz autêntica para conquistar uma COMUNIDADE digital A única maneira de ser memorável é encontrar uma voz autêntica para conquistar uma COMUNIDADE digital A única maneira de ser memorável é encontrar uma voz autêntica para conquistar uma COMUNIDADE digital

Tu não és o herói

A grande maioria das marcas, quando quer comunicar e produzir conteúdo nas redes sociais, comete um erro crasso. Diria, até, fatal.

Pensem comigo: quantas marcas vocês conhecem que têm uma comunidade forte nas redes sociais? Quantas marcas vocês viram hoje no Instagram que vos inspiraram? O que diziam essas histórias? Eu dou-vos tempo para pensarem… 

Hum… não estão a conseguir encontrar? Está difícil, não está?

Bom, time ‘s up
E se não conseguiram lembrar-se de nenhuma não se culpabilizem. É mesmo difícil, porque são muito poucas aquelas que estão a conseguir criar conteúdos inspiradores, contar histórias emocionantes e eficazes, que conseguem parar o scroll frenético e chamar a atenção. E não é porque não tenham boas intenções e até conteúdos interessantes para partilhar, só que parte dessa dificuldade deve-se a uma questão estrutural, que é muito difícil para as marcas (ou direi, para os seus departamentos de marketing… shiuuuuuu) se dissociarem de si mesmas. Isto é: terem a consciência intrínseca de que isto não é sobre vocês. Não é.

Erro N.1 do Marketing de Conteúdo: 

O marketing não é sobre nós, empresa; não é sobre nós, produto; não é sobre nós, serviço; não é sobre a funcionalidade incrível que só o nosso produto tem; nem sobre o preço imbatível que mais ninguém no mercado consegue fazer. Um bom marketing de conteúdo faz-se a pensar no cliente. Um bom marketing de conteúdo alicerça-se numa estratégia de resolução de problemas – o que é que o cliente precisa?; que dores é que ele sente?; como é que eu posso ajudá-lo?; como posso ser útil?; que transformação é que eu vou proporcionar à sua vida?

E esta capacidade de nos colocarmos no lugar do outro adquire contornos mais difíceis quando falamos de marcas pessoais, pois há uma maior dificuldade de nos distanciarmos da pessoa/personalidade em relação à audiência. 

Ninguém quer saber de ti

Agora, digam comigo (ou até coloquem numa t-shirt): ninguém quer saber de mim!!!

Esta doeu. Só que a verdade, às vezes, dói. Mas mais vale sabermos o que faz a diferença do que não termos resultados. 

Ufa. Já está! Já saiu. Já soltou. Já me sinto melhor (#ounão). 

Eu percebo que parte desta dificuldade, em assumirmos esta realidade, vem da noção de que a nossa história pessoal vende – o tal storytelling de que toda a gente fala. E é verdade. Partilhar fragmentos da nossa história pessoal é uma técnica que conecta as pessoas e promove identificação. Até aqui tudo certo. Contudo, isso tem de ser feito com parcimónia estratégica . Enumerar o nosso palmarés de vitórias e conquistas diz muito pouco à nossa audiência. Fazer partilhas que mais parecem uma entrevista para promoção, com palmadinhas vitoriosas nas costas do nosso CV, também não vai ajudar à causa. Mais uma vez, ninguém quer saber disso.

Donald Miller, em Building a Storybrand, indica-nos que as pessoas que são tidas como as mais analíticas, inteligentes e brilhantes são aquelas que maiores dificuldades têm de se conectar com as soluções para os problemas da audiência. Porquê? O autor defende que o que é mais simples é o que vende e é o que é mais eficaz. Só que fazer o que é mais simples nem sempre é fácil. Um paradoxo, eu sei. 

As histórias que queremos contar devem ser sobre os outros. Devem focar-se não em temas complexos, que não interessam à maioria, mas em problemas reais, próximos das pessoas. Tal como nos diz Miller, temos de nos livrar dos grandes palavrões, dos jargões profissionais ou de pensamentos complexos. Simplificar para melhor comunicar. #rimei

Como? Fazendo pesquisas concretas no Google Trends, por exemplo. Falando directamente com a nossa audiência, através das redes sociais (caixa de perguntas, sondagens, comentários, etc.). Independentemente do meio e das ferramentas, o foco deve estar sempre em como é que eu posso ajudar quem está do outro lado; como é que eu posso tornar a vida das pessoas melhor (com o que tenho para oferecer, claro!) e não embarcar numa ego-trip da minha marca pessoal ou da minha empresa. 

A jornada do herói-cliente

É só quando percebemos esta lógica que podemos começar a pensar em estruturar histórias à volta da nossa marca. 

Todas as marcas querem ter histórias inspiradoras e impactantes, que façam com que as pessoas se conectem emocionalmente. O problema está em saber fazê-lo. 

A capacidade de contarmos histórias é um aspecto inerente à existência humana. Desde que nós nos conhecemos como seres pensantes, que encadeiam constructos teóricos, que contamos histórias. Se analisarmos bem, estamos permanentemente a narrar acontecimentos, a contar situações ou eventos que assistimos ou participámos, quer seja em casa, na família, na escola, no ginásio ou na hora do almoço da empresa. 

Então, a narrativa não é mais do que uma sequência de acontecimentos interligados, que são transmitidos numa estória.

Desde os mitos, lendas, adivinhas, contos, crónicas, romances, banda-desenhadas, novelas, séries de televisão, jogos de computador, filmes de ação, animação até às pinturas nas paredes das cavernas (ufa!) são muitas as formas possíveis de se narrar acontecimentos: por palavras (oralmente), por imagens (dinâmicas, virtuais ou estáticas), por gestos, por sons, etc. Em todas as formas, existem elementos comuns como a presença de um narrador, personagens, tempo e ação. 

Por sua vez, em cada narrativa, existem vários tipos de estruturas que podem enformar o caminho como narramos esses acontecimentos. Desde o modelo simples da Estrutura em Três Actos, de Aristóteles (início, meio e fim), passando pelo Modelo Quinário de Freytag (introdução, elevação da acção, climax, declínio da acção e desenlace) a uma das estruturas mais conhecidas e utilizadas como é a Jornada do Herói.

A Jornada do Herói ou monomito apresenta-se como um conceito de história cíclica presente na grande maioria dos mitos, proposta pelo escritor e mitologista Joseph Campbell. Pensem nas histórias mais incríveis do cinema e da literatura. Todas elas comportam estes elementos estruturais: um protagonista (herói) que tem um problema, esse problema pode ser um acontecimento de vida, um problema importante, um desastre ou uma pessoa problemática que compromete a sua vida. Este problema força o protagonista a partir numa missão especial. Essa busca por respostas leva o herói a confrontar-se com um vilão ou a desenvolver um problema. Durante esta missão, ele encontra um guia/mentor – é aqui que nós entramos. Contrariamente ao que todos pensam e fazem, nós não somos o herói, nós somos o guia na história do herói. 

O guia (nós) dá um plano/caminho para ajudar o herói a resolver o seu problema. É o guia que o chama à ação e que o vai conduzir a uma vida melhor. Na história das nossas marcas, nós somos sempre a solução e o guia e, por conseguinte, o fracasso da missão vem do protagonista não nos escolher para fazer a jornada com eles.

Resumindo: Nós nunca somos o herói na Jornada do Cliente

Usa esta estrutura e diferencia-te da concorrência

É aqui, neste posicionamento de guia/mentor, que está o nosso ponto de contacto e de identificação com a nossa comunidade/audiência. Esta posição, que 99% das empresas desconhece ou decide não seguir, é a nossa única função – divulgar e transmitir, da melhor forma possível (redes sociais, site, email marketing, brochuras, outdoors, etc.), como é que resolvemos o problema que o cliente está a enfrentar. Perante esta dificuldade nós apresentamo-nos como o melhor guia para ajudá-los na sua jornada para o sucesso.

Quer sejas uma loja online de biquinis, uma empresa multimilionária cotada em bolsa, um político, uma influenciadora de beleza ou uma marca de pasta de dentes, usa esta estrutura para escrever as tuas histórias e, garanto-te, vais-te diferenciar da concorrência.

Share